A Guerra dos Tarairiú
Por Prof. Dr. Lenin Campos Soares
Desde a mais tenra idade os tarairiús exercitavam-se e aprendia a arte da guerra. Aprendiam a nadar assim que começavam a andar, os cronistas afirma que eles eram extremamente rápidos na água, mas também grandes corredores, com grande resistência. Temos descrições de suas migrações em que os homens carregavam os troncos sagrados de carnaúba um acampamento para o outro. Estes homens que carregavam esses troncos eram escolhidos entre os melhores, era uma grande honra. Eles corriam carregando esses troncos até a chegarem no próximo acampamento sem descansar. O treinamento para poder ser escolhido para essa honra também era usado na guerra.
Na luta, eram ferozes e foram chamados de cruéis pelos cristãos. Diz Olavo de Medeiros que “nada lhes era vergonhoso, quando pretendia a vingança ou a glória”. Os cronistas dizem que eles possuíam uma inclinação natural para guerrear, matar e fazer sangue, estavam acostumados com as mortes. Quando venciam, matavam todos os inimigos, nenhum dos seus prisioneiros era preservado. Essa descrição que ofende a sensibilidade cristã tem como objetivo demonstrar a inferioridade destes povos, para provar que era necessário “domesticá-los”.
Em seus combates, eles preferiam a tática de guerrilha, atacando os seus inimigos de surpresa, evitando a guerra aberta. O que também ofendia, profundamente, os cristãos, que acusavam-nos de fazer uma guerra sem honra. Ao participarem da Guerra de Pernambuco, ao lado dos holandeses, eram mal vistos pelos seus aliados, que temiam o que eles chamavam de “irreprimível agressividade”.
Os tarairiú não usavam arcos. Suas flechas eram impulsionadas através de uma meia-cana côncava. Também usavam zarabatanas para soprar os dardos. Usavam pesadas espadas de madeira, esculpidas em madeiras densas e pesadas como o pau-brasil e pau-ferro. Muito afiadas e pesadas, dizem os cronistas, que elas podiam abrir um homem ao meio com um único golpe. Eles também usavam machados de pedra, com longos cabos. Aprenderam com os holandeses a manusear armas de fogo e também a produzir a sua própria pólvora. tornaram-se também hábeis cavaleiros e, a partir da expulsão dos holandeses, os cronistas relatam que eles passaram a roubar cavalos nas fazendas.
Após a expulsão holandesas, os tarairiús, em especial os janduís, iniciaram um ataque contínuo aos portugueses, esta foi chamada de Guerra dos Bárbaros, que durou pelo menos quarenta anos. A guerra tem início em 1683 e tem seu epicentro no Rio Grande do Norte, mas alcançou também as capitanias do Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Para Saber Mais
Olavo de Medeiros Filho. Os tarairiús, extintos tapuias do Nordeste.